Selo comemorativo da canonização do santo português |
General Gomes da Costa (no discurso ao novo Ministro da Guerra, em 15 de Agosto de 1925)
Como é do conhecimento público o Condestável (general) português D. Nuno Álvares Pereira – Beato Nuno de Santa Maria, desde 1918 – vai ser canonizado no próximo dia 26 de Abril. Tal evento devia dar lugar a comemorações a nível nacional. Apesar da cerimónia que vai ter lugar ser eminentemente religiosa, não faz sentido algum que o júbilo e o cerimonial fiquem restritos ao âmbito dos cidadãos católicos.
Não deixa pois, ser curioso notar que a grande maioria dos políticos e todos os órgãos do Estado, sobre o assunto, aos costumes têm dito nada.
Não há até à data qualquer indício de que o governo, por exemplo, tenha qualquer interesse nesta questão.
É lamentável que assim seja, embora fosse expectável face às sucessivas desilusões com que a classe politica tem brindado a população de há largos anos a esta parte no campo da Segurança, da Justiça e do Bem Estar que são a razão de ser das eleições e daquilo que se lhes paga.
Há três ordens de razões – no nosso entendimento – que explicam aquela actuação, este aparente desprezo pela figura ímpar de Nuno Álvares.
A primeira razão prende-se com o fundo político-doutrinário das forças partidárias com assento na AR.
A figura de D. Nuno arde-lhes nas mãos. Por um lado, não consta que a figura do Condestável fosse adepto de questões fracturantes, não era pacifista militante nem adepto de relativismos morais.
Depois era um líder – que são os que fazem a História – ao contrário do que defende uma determinada historiografia e conceito político que tenta reduzir os acontecimentos a movimentos de massas e lutas de classes; outros não sabem sequer ao que andam, são falhos de doutrina, parecem mantas de retalhos fazem demagogia barata, pescam em águas turvas.
O então Condestável do Reino representa a antítese de tudo isto …
Quanto ao partido no governo tem os seus fundamentos nas tradições jacobinas e anti religiosas da I República a que se juntou, mais tarde, uns laivos de marxismo que se põem ou tiram da gaveta conforme a égide do momento. Têm, por outro lado, um azar especial a fardas, ordem e autoridade.
Como podem apreciar a figura do Santo Condestável, excelsa glória das nossas armas?
Além disso exaltar tão virtuosa criatura – cuja filha,note-se,deu origem à Casa de Bragança - em pleno arranque das comemorações dos 100 anos da República, não lhes parecerá certamente, dar jeito nenhum...
A segunda ordem de razões tem a ver com o facto de que desde meados dos anos 70 do século passado se ter menorizado (to say the least) toda a nossa epopeia ultramarina – a frase “meter uma lança em África vem, até, de D. Nuno - caluniando alguns dos nossos grandes estadistas, militares, marinheiros, missionários, etc.; promovido e dando lugares importantes e palco, a desertores, oficiais do quadro permanente que esqueceram os seus deveres militares,etc; cidadãos que andaram a pôr bombas, assaltar bancos e a sabotar o esforço de guerra da Nação, passaram a pessoas respeitáveis; rapaziada que em sociedades regidas por gente séria e com princípios, seriam apodados de traidores, passaram a ser venerandas e obrigadas, etc.
Ora ir comemorar o grande Nuno Álvares, exemplo de patriotismo, seriedade e valentia, sem mácula, iria provocar um contraste demasiado gritante. Percebe-se mas, obviamente, não se pode aceitar.
Finalmente, a outra razão pela qual não se pretende,aparentemente, a nível do Estado dar honras nacionais a tão extraordinário antepassado, tem a ver com a União Europeia e o projecto federalista em marcha. Para se conseguir o objectivo da federação europeia – resta ainda saber o passo seguinte – é preciso acabar com as Pátrias e qualquer resquício de nacionalismo.
Isto é, é necessário acabar com os Estados-Nação, do qual Portugal representa o figurino mais perfeito. O que interessa é esbater os conflitos e tensões de antanho para tudo amalgamar. O que vale, hoje em dia, não é a História de cada país - que representa o passado –, mas sim a História da Europa – que se deseja venha a haver.
Ora lembrar D. Nuno, não cai nada bem neste desiderato. E a maioria dos políticos – que aliás se dizem muito democratas, mas nunca deixam o povo decidir nada do que é efectivamente importante – sabe isso muito bem.
A caridade cristã concede e encoraja, porém, a que as ovelhas (políticos) tresmalhadas voltem ao redil. Serão bem vindos e não lhes ficará mal se o fizerem de boa mente.
D. Nuno sobreviverá a tudo isto. E se já era uma figura incontornável na História de Portugal, a partir de 26/4 será personagem viva em toda a Cristandade.
*****
“Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta Igreja onde descansa o seu corpo”.
Inscrição que existiria na pedra tumular da sepultura primitiva de D. Nuno Álvares Pereira, na Igreja do Carmo em Lisboa.
Parece-nos evidente que as razões que aduzimos para a atitude dos políticos em ignorarem a distinção feita por Sua Santidade o Papa, a D. Nuno, e que se fundam nas asneiras muito graves cometidas por alturas de 1974/75, no desprezo pelo nosso passado histórico, pela adopção de ideologias contrárias aos interesses nacionais, pelo jacobismo militante e pelos próceres defensores da federalização dos países europeus, dificilmente serão assumidas publicamente pelas personalidades ou forças que as sustentam.
Tal poderia espoletar debates “perigosos” de desfecho incerto e acordar consciências adormecidas por acções de cariz (vulgo lavagem ao cérebro desenfreada), mas falsas na sua essência.
Não, o principal ponto que sustentará a objecção política a comemorações alargadas com empenhamento dos órgãos do Estado irá ser o argumento de que, em Portugal, o Estado é laico e existem perfeitamente definidos e separados os poderes e aquilo que pertence a Deus e o que cabe a César. Ora sendo a canonização de Nuno Álvares um acto eminentemente religioso, a César não compete imiscuir-se nem tomar partido.
Para não dizer que não fazem nada, os representantes do Povo, apelidados de deputados, por proposta de alguns, aprovaram recente e maioritariamente um voto de congratulação pelo sucedido, embora uma mão cheia deles se abstivessem – isto é, tanto lhes faz e dão ao desprezo – e outros tantos até votaram contra – ou seja estão tristes por um compatriota seu (partindo do princípio que se sentem portugueses …) tenha sido distinguido com uma honra, que eles certamente abominam mas que não deixa de ser uma honra.
Era assim como se alguns de nós fossemos votar contra pelo facto de Saramago ter recebido o Nobel, só por não gostarmos da criatura.
De qualquer modo o voto de congratulações não obriga a fazer nada…
É este argumento peco que deve ser desmontado e nem sequer é difícil fazê-lo. Vejamos:
Em primeiro lugar a própria distinção religiosa deve ser motivo de júbilo nacional e não apenas dos católicos, já que é o reconhecimento de uma coisa boa – mesmo para quem não tem Fé – e que tem uma expressão a nível mundial.
Que “diabo”, não estamos a tratar de um condenado por um qualquer tribunal internacional… Se assim for, um dia que houver um judeu ou um muçulmano português que se distinga, numa área qualquer da cultura, do desporto, no campo científico, etc., os católicos não se devem regozijar por isso, ou vão participar numa qualquer homenagem nacional que se lhe queira fazer?
Por outro lado Portugal é um país de grande tradição cristã e católica que nos vem da fundação da nacionalidade. Os portugueses foram um pilar da Cristandade e são grandemente responsáveis pela expansão da palavra do Deus que morreu na cruz em todo o mundo. Hoje em dia a grande maioria do povo português ainda se diz católica e teve de alguma forma formação católica.
Então os órgãos do Estado que representam a Nação politicamente organizada fingem não ter nada a ver com esta realidade? Assumem-se (não quer dizer que o sejam!) tão democráticos e neste caso a maioria não lhes diz nada? Mas isto tem alguma lógica?
Vejamos ainda outro aspecto de primordial importância: a dimensão do personagem. D. Nuno não é um cidadão cuja vida se tivesse confinado ao âmbito religioso, como são por exemplo, os casos da irmã Lúcia ou do bom do Padre Américo.
D. Nuno é uma figura avantajada da História de Portugal, foi um grande comandante militar e um líder natural, cuja acção se repercutiu na política nacional, numa altura gravíssima em que a independência corria sério perigo; consubstanciou um conjunto raro de virtudes morais, cívicas e militares, absolutamente invulgar, numa palavra é um exemplo para todos e que, justamente, a todos devia servir de inspiração.
São raros os países no mundo que se podem orgulhar de terem figuras da sua igualha e nós em Portugal não fazemos nada?
Perdoarão os leitores, mas creio que os portugueses se etilizaram colectivamente numa festa qualquer que ninguém deu conta ainda que acabou e assim ficaram. Então a selecção nacional de futebol que não deixa de ser um grupo de atletas principescamente pagos, que estacionam nos melhores hotéis, fazem estágios com cozinheiros, massagistas, médicos, etc., e restante parafernália ao seu serviço, que nos custa os olhos da cara e que ano após ano só nos dão desgostos são recebidos pelo PR, pelo Chefe de Governo, cumulados de telegramas e atenções têm multidões à espera e são objecto de cobertura mediática capaz de criar urticária nos mais pacatos cidadãos.
E uma figura da estirpe do Santo Condestável, que nos devia ter guiado desde o século XIV e que continua actual, não merece aos portugueses mais do que uma nota exaltante da Conferência Episcopal? (honra lhes seja feita).
Que grave doença moral e até degenerescência física terá atingido o antigo Reino, agora República de Portugal?
D. Nuno combateu o bom combate. Como julgamos que nada se passa por acaso, aguardamos esperançosos os sinais positivos que a graça da santificação augura.
Que o grande Fronteiro Mor do Além-Tejo, Condestável de Portugal, alma pura e bela, agora Santo Nuno, continue a interceder pela terra de Santa Maria. Acreditem que bem precisamos.
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“Aqui jaz o famoso Nuno, o Condestável, fundador da Casa de Bragança, excelente general, beato monge, que durante a sua vida na terra tão ardentemente desejou o Reino dos Céus depois da morte, e mereceu a eterna companhia dos Santos. As suas honras terrenas foram incontáveis, mas voltou-lhes as costas. Foi um grande Príncipe, mas fez-se humilde monge. Fundou, construiu e dedicou esta Igreja onde descansa o seu corpo”.
Inscrição que existiria na pedra tumular da sepultura primitiva de D. Nuno Álvares Pereira, na Igreja do Carmo em Lisboa.
Parece-nos evidente que as razões que aduzimos para a atitude dos políticos em ignorarem a distinção feita por Sua Santidade o Papa, a D. Nuno, e que se fundam nas asneiras muito graves cometidas por alturas de 1974/75, no desprezo pelo nosso passado histórico, pela adopção de ideologias contrárias aos interesses nacionais, pelo jacobismo militante e pelos próceres defensores da federalização dos países europeus, dificilmente serão assumidas publicamente pelas personalidades ou forças que as sustentam.
Tal poderia espoletar debates “perigosos” de desfecho incerto e acordar consciências adormecidas por acções de cariz (vulgo lavagem ao cérebro desenfreada), mas falsas na sua essência.
Não, o principal ponto que sustentará a objecção política a comemorações alargadas com empenhamento dos órgãos do Estado irá ser o argumento de que, em Portugal, o Estado é laico e existem perfeitamente definidos e separados os poderes e aquilo que pertence a Deus e o que cabe a César. Ora sendo a canonização de Nuno Álvares um acto eminentemente religioso, a César não compete imiscuir-se nem tomar partido.
Para não dizer que não fazem nada, os representantes do Povo, apelidados de deputados, por proposta de alguns, aprovaram recente e maioritariamente um voto de congratulação pelo sucedido, embora uma mão cheia deles se abstivessem – isto é, tanto lhes faz e dão ao desprezo – e outros tantos até votaram contra – ou seja estão tristes por um compatriota seu (partindo do princípio que se sentem portugueses …) tenha sido distinguido com uma honra, que eles certamente abominam mas que não deixa de ser uma honra.
Era assim como se alguns de nós fossemos votar contra pelo facto de Saramago ter recebido o Nobel, só por não gostarmos da criatura.
De qualquer modo o voto de congratulações não obriga a fazer nada…
É este argumento peco que deve ser desmontado e nem sequer é difícil fazê-lo. Vejamos:
Em primeiro lugar a própria distinção religiosa deve ser motivo de júbilo nacional e não apenas dos católicos, já que é o reconhecimento de uma coisa boa – mesmo para quem não tem Fé – e que tem uma expressão a nível mundial.
Que “diabo”, não estamos a tratar de um condenado por um qualquer tribunal internacional… Se assim for, um dia que houver um judeu ou um muçulmano português que se distinga, numa área qualquer da cultura, do desporto, no campo científico, etc., os católicos não se devem regozijar por isso, ou vão participar numa qualquer homenagem nacional que se lhe queira fazer?
Por outro lado Portugal é um país de grande tradição cristã e católica que nos vem da fundação da nacionalidade. Os portugueses foram um pilar da Cristandade e são grandemente responsáveis pela expansão da palavra do Deus que morreu na cruz em todo o mundo. Hoje em dia a grande maioria do povo português ainda se diz católica e teve de alguma forma formação católica.
Então os órgãos do Estado que representam a Nação politicamente organizada fingem não ter nada a ver com esta realidade? Assumem-se (não quer dizer que o sejam!) tão democráticos e neste caso a maioria não lhes diz nada? Mas isto tem alguma lógica?
Vejamos ainda outro aspecto de primordial importância: a dimensão do personagem. D. Nuno não é um cidadão cuja vida se tivesse confinado ao âmbito religioso, como são por exemplo, os casos da irmã Lúcia ou do bom do Padre Américo.
D. Nuno é uma figura avantajada da História de Portugal, foi um grande comandante militar e um líder natural, cuja acção se repercutiu na política nacional, numa altura gravíssima em que a independência corria sério perigo; consubstanciou um conjunto raro de virtudes morais, cívicas e militares, absolutamente invulgar, numa palavra é um exemplo para todos e que, justamente, a todos devia servir de inspiração.
São raros os países no mundo que se podem orgulhar de terem figuras da sua igualha e nós em Portugal não fazemos nada?
Perdoarão os leitores, mas creio que os portugueses se etilizaram colectivamente numa festa qualquer que ninguém deu conta ainda que acabou e assim ficaram. Então a selecção nacional de futebol que não deixa de ser um grupo de atletas principescamente pagos, que estacionam nos melhores hotéis, fazem estágios com cozinheiros, massagistas, médicos, etc., e restante parafernália ao seu serviço, que nos custa os olhos da cara e que ano após ano só nos dão desgostos são recebidos pelo PR, pelo Chefe de Governo, cumulados de telegramas e atenções têm multidões à espera e são objecto de cobertura mediática capaz de criar urticária nos mais pacatos cidadãos.
E uma figura da estirpe do Santo Condestável, que nos devia ter guiado desde o século XIV e que continua actual, não merece aos portugueses mais do que uma nota exaltante da Conferência Episcopal? (honra lhes seja feita).
Que grave doença moral e até degenerescência física terá atingido o antigo Reino, agora República de Portugal?
D. Nuno combateu o bom combate. Como julgamos que nada se passa por acaso, aguardamos esperançosos os sinais positivos que a graça da santificação augura.
Que o grande Fronteiro Mor do Além-Tejo, Condestável de Portugal, alma pura e bela, agora Santo Nuno, continue a interceder pela terra de Santa Maria. Acreditem que bem precisamos.
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