5/09/09
O nosso homem perguntou à senhora se estava a dirigir-se a ele por ser preto e com ar de duro, ao que ela retorquiu, que o seu marido também tinha um anel igual. Mais à frente o ex-paraquedista salvou a vida ao rapazinho, interpondo-se entre ele e a arma do chefe dos sequestradores, sendo abatido por este.
Antes, ainda se o ouviu dizer à mulher ser aquele o único plano que lhe ocorrera. Apesar dos “traumas” do Vietname e de outras guerras menos felizes, da indústria cinematográfica de Hollywood não ser propriamente conservadora e das facções “liberais”estadounidenses não serem conhecidas por fãs das Forças Armadas, isso não belisca a consideração que é devida aos militares, num país onde o presidente das Associações de Veteranos despacha directamente com o Presidente dos EUA.
Há poucos meses circulou na net um pequeno vídeo mostrando o modo como as urnas dos soldados canadianos mortos no Afeganistão eram recebidas e saudadas pela população. Um exemplo de civismo e patriotismo, sem pieguices nem alardes despropositados.
Não é assim em Portugal, por razões que só a nossa pequenez intelectual e masoquismo endémico podem explicar.
No nosso país, apesar de nos últimos 25 anos já termos enviado cerca de 30.000 homens cumprirem missões em mais de 30 países nos quatro cantos do mundo, dispondo de umas FAs que não têm deixado de ser diminuídas em todos os sentidos, raramente se fala, se mostra ou se escreve, sobre as suas actividades. Têm-se portado bem.
E quando um militar morre, tal tem servido para ataques de baixo jaez entre políticos e ou de manifestações piedosas e desajustadas de órgãos de soberania. Está tudo fora da justa medida!...
Lembramo-nos do filme “Chaimite”, que exaltava toda uma gesta de africanistas e um outro filme creio que o “Pai Tirano”, em que numa curta cena se assiste a este diálogo: Fidalga, para um homem do povo, “Para trás…”, - “para trás não, para a frente, que eu fui de Infantaria”.
Mas tudo isto pertencia a outra época. Agora não há estatuária (a não ser aquela promovida por “homens bons dos concelhos” em quererem homenagear localmente, os seus conterrâneos que lutaram nas últimas campanhas ultramarinas, nem outras artes plásticas, grande parte da literatura, teatro, etc em que de alguma forma se eleve a figura do combatente.
E que dizer da filmografia onde há a realçar o “Non ou a vã glória de mandar”, do laureado Manuel de Oliveira, em que retrata apenas derrotas militares portuguesas e a “Guerra na Guiné”, de Andringa e Flora, o maior (e melhor) documentário de propaganda do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) e contra Portugal. Esta desintonia é difícil de explicar mas é necessário dilucidar.
É certo que houve militares portugueses que não se portaram segundo os ditames da virtude e da honra, e isto em todas as épocas. Devem ou deviam ter sido julgados e punidos. E muitos o foram. Agora está longe de serem uma franja sequer razoável das Forças Armadas, cujo activo ultrapassa em muito o passivo, que são uma trave mestra da nação, cuja história se confunde com a da nacionalidade e sem as quais Portugal soçobrará. E, em qualquer caso, é imprescindível salvaguardar a Instituição.
Há qualquer coisa de muito errado nisto tudo.
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