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O que é o PEC? Pois é um plano de austeridade para a governação que o governo se viu obrigado a apresentar às entidades da União Europeia, em Bruxelas, e por via disso – se calhar só por causa disso – também aos portugueses. E porquê? Pois, porque o défice das contas públicas ir já, não se sabe ao certo quanto, mas seguramente acima dos 9% e aquela entidade internacionalista indefinida que nos tutela – sem que os cidadãos portugueses risquem coisa alguma – quer obrigar a que se mantenha abaixo dos 3%, já em 2013.
Correu muita tinta, esgrimiram-se argumentos pró e contra, gastou-se saliva. Faltou em entusiasmo o que sobrou em desencanto. No fundo ninguém acredita que o anunciado resulte em sucesso. Veremos como a resignação suplantará a contestação.
Ao fim e ao cabo qualquer coisa que se faça vai tornar a generalidade das pessoas mais pobres e diminuirá as capacidades de Portugal, no futuro.
Não pretendemos analisar nem discutir as medidas, até porque não faz sentido estabelecer estratégias sem definir políticas. O que queremos fazer realçar é a ideia de que nada poderá bater certo e gerar elan na população, enquanto três coisas não forem feitas pelo poder político/órgãos de soberania. São elas:
Assumir a irresponsabilidade da governação, os erros estratégicos estrondosos, a derrapagem constante para o politicamente correcto e a demagogia infrene do discurso político, das últimas décadas. E sobretudo o péssimo comportamento dos partidos.
E isto é tão mais importante, quando resulta muito mais de ignorância atrevida, incompetência, luta pelo poder e muito pouca recta intenção, do que de decisões tomadas de boa mente e baseadas em estudos sérios, que se vieram a verificar estar errados.
Estas últimas razões são desculpáveis, as outras não são.
Em segundo lugar, a classe política e os órgãos de soberania têm que fazer uma declaração séria e formal de que passarão a dizer a verdade, só a verdade e nada mais do que a verdade. É do conhecimento geral (ou pelo menos de quem tem um conhecimento mínimo da natureza humana), que a principal razão pela qual os políticos mentem – ou eufemisticamente, dizem “inverdades” – é a de que o público gosta que lhe mintam e só aceitam a verdade em tempos de “catástrofe”.
Ora os políticos não podem, nem devem, serem encarados como a generalidade do público, têm o dever de pautar a sua existência por normas elevadas de ética e tentar puxar a sociedade para “cima”.
Finalmente, têm de dar o exemplo.
E dar o exemplo, neste caso particular, começa por reduzir os próprios salários e, ou, regalias; reduzir drasticamente as despesas da Presidência da República (mais cara que a instituição monárquica espanhola, por ex.); da AR e dos parlamentos das Regiões Autónomas, que devem julgar que vivem nalgum regime faraónico (só para a AR e para 2010, estão orçamentados mais de 191 milhões de euros!); idem para os gabinetes ministeriais e para o dinheiro destribuido aos partidos através do orçamento do Estado; acabar com a parafernália de assessores, “entidades reguladoras”; “altas autoridades”; “observatórios”; empresas municipais; fundações subsidiadas pelo Estado e estudos de consultadoria a esmo, cuja principal função é dar emprego (tacho) e dinheiro a ganhar, a amigos e correligionários e acabar-se com o escândalo e o insulto, que representam os salários e mordomias usufruídas pelos administradores/gestores das empresas públicas, algumas das quais acumulam milhões e milhões de prejuízos anualmente. A lista está longe do fim, mas creio que já explicitei o ponto.
Esta gente tem literalmente “saqueado” a riqueza da Nação e em vez de serem respeitados por servirem a sociedade que os elegeu, merecem antes o epíteto de “devoristas” da coisa pública! A falta de vergonha é imensa e corre paredes meias com o topete que têm em passar o onús da crise para cima do cidadão comum. E falam, falam, falam, bah...
Seria útil –também e por ex. - tornar-se público qual o ouro (e divisas) que existia nos cofres do Banco de Portugal (cujos gestores são mais bem pagos que os seus congéneres americanos), em 1974 e o que existe agora, explicitando-se o que se passou entretanto...
Enquanto a classe política não tiver a humildade e a ombridade de assumir tudo isto não terá credibilidade alguma para avançar seja com que PEC fôr, bah!....
E, até lá, não a respeitarei, não a levarei a sério e não colaborarei!
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