terça-feira, 7 de setembro de 2010

O PR E A DIGNIDADE NACIONAL

26/04/2010

Cavaco Silva e o Presidente Checo
Os símbolos nacionais representam o País e são a sua marca identitária e soberana.

Os símbolos nacionais portugueses primordiais, neste âmbito, são o hino nacional (a “Portuguesa”); a bandeira nacional (das “Quinas”) e o Presidente da República (PR), por ser o órgão máximo de representação política (devia chamar-se Presidente de Portugal e não da República, mas isso é tema para outro artigo...).

Estes símbolos, são e devem ser objecto de respeito, tanto nacional como internacionalmente. E devem fazer-se respeitar.

O PR por ser um ser humano e um político eleito, não sendo passível de desrespeito, não está acima de criticas. O Prof. Cavaco Silva (CS) por seus actos ou omissões incorreu, recentemente, no merecimento à crítica, que esperamos construtiva e pedagógica, salvo o pretensiosismo. Uma no âmbito internacional, outra em termos caseiros.

Na recente visita à República Checa o presidente anfitrião daquele país, recém “partido” – e uma espécie de prolongamento alemão – veio criticar publicamente o seu convidado (logo todos nós), relativamente ao nosso deficit, à acção de CS enquanto chefe do governo e à adesão do nosso país ao Tratado de Lisboa. E fê-lo em circunstâncias de termos e lugar, que não são conformes às regras da diplomacia e educação, em vigor entre os Estados.

O PR português ficou “firme e hirto e voltado para a frente” e aos costumes disse... nada. Ora os portugueses que o PR representa, gostam que lhes defendam os brios e não só os interesses e esperavam que o Prof CS respondesse à letra ao despautério e não se encolhesse em incompreensível mutismo e, ou, imobilidade. Do mesmo modo que gostam de ver os “Comandantes Chefes” à frente das tropas!.

Quando as conversas são privadas ficam no segredo das chancelarias e são tratadas com a descrição necessária aos negócios do Estado; quando são públicas ficam… públicas e toda agente as fica a conhecer.

Não é difícil encontrar situações criticáveis na República Checa (tirando a cerveja que é óptima!), mas nós não convidamos alguém para nossa casa para o insultarmos. Por alguma razão o exemplo de Hugo Chavez não abunda no mundo. E se o PR checo não gosta do Tratado de Lisboa não se entende porque o assinou. A mim que não gosto dele, também, nem sequer o deixaram referendar…

Estranha-se ainda que não se visse reacção de qualquer político ou força política em Portugal, sobre o sucedido.

Na frente interna um caso houve em que o mutismo e a imobilidade do PR, andou mal. Muito mal.

Quero referir-me ao vergonhoso hastear de bandeiras espanholas em Valência, a propósito de um incidente menor, relativo a intendência de saúde pública.

Nenhuma razão existe que pudesse levar ao hastear de bandeiras de um país independente do nosso – que ainda por cima há mais de 800 anos nos anda a tentar absorver. E se antigamente não passava pela cabeça de ninguém fazer isto, porque a censura social o desmotivaria hoje, pelos vistos, torna-se necessário criar legislação que o reprima, pois que o sucedido é uma falta de respeito pelo símbolo nacional próprio. É, até, uma falta de respeito dos que praticaram o acto, por si próprios.

Sem embargo, a lei não é omissa quando se trata de hastear bandeiras estranhas em edifícios públicos. Não temos a certeza que isso sucedeu, mas sabemos que não houve actuação policial alguma. Esperava-se que o PR tivesse, pelo menos, uma palavra de reprovação, de chamar os transviados à razão, instruir quem se mostra ignaro, enfim, algo que se visse ou ouvisse. Mas não, o PR guardou de Conrado o (im)prudente silêncio.

Também não se ouviu, em todo o espectro partidário quem tugisse sobre a irresponsabilidade alegremente veiculada aos quatro ventos, pelos “media”.

Até onde se curvarão os políticos do meu país perante a turbamulta? A “ditadura” do voto e a “escravatura” do politicamente correcto, pesa-lhes assim tanto na coluna vertebral? Até que ponto deixarão de se dar ao respeito na bajulação das multidões?

Este ponto é crucial: é que ninguém pode respeitar quem não se dá ao respeito.

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