15/07/2008
Desta vez tem a ver com a mudança que se pretende efectuar a nível das competências dos quatro chefes, Marinha, Exército, Força Aérea e CEMGFA, com reforço das competências deste último, que irá afectar profundamente o funcionamento do Conselho de Chefes (cCEMs) e na criação de um comando operacional conjunto, que substituirá (?) os quatro existentes e será concentrado supostamente em Monsanto.
Pessoalmente estou cansado de ouvir falar em reorganizações, ainda por cima quando se pode provar facilmente que a Instituição Militar (IM) foi aquela que mais se reformou desde há 35 anos (e então reduzir nem se fala…), em todos os serviços do Estado.
Esta questão das reorganizações militares tem larga tradição entre nós nos últimos 200 anos. Só que, neste espaço de tempo só houve 3 ou 4 dignas desse nome: a de Beresford durante as invasões francesas; a de Fontes Pereira de Melo, em 1884, a de Santos Costa em 1937 (que começou na Armada em 1931) e a de 1958, que ficou longe de se completar por entretanto ter rebentado a subversão em Angola, em 1961. E sabem porquê? Basicamente por duas razões combinadas: a falta crónica de dinheiro (ou vontade de o aplicar) – e sabe-se que uma verdadeira reforma carece inicialmente de grande investimento, sob pena de se tornar uma despesa inútil -, e a inexistência de entendimento sobre o que fazer (cromossomático!) e autoridade para implementar.
Daí que a maioria das reformas, de que o século XIX e a I República foram paradigma, fossem apenas um exercício patético de intenções limitando-se, o mais das vezes, a mudar-se de uniformes, alterar a designação ou o número dos regimentos e a mexer-se na quantidade de regiões militares. De substância, nada!
Estamos no início do século XXI, cheios de computadores, instituições democráticas, especialistas em tudo, doutorados q.b., etc. mas naquilo que é essencial, parece que não conseguimos aprender nada!
Não desejamos entrar na discussão técnica da matéria, mas queremos dizer que a reforma neste momento não aparenta ser necessária, porque não é prioritária, a nenhum título, nem visa corrigir procedimentos ou estruturas que estejam a afectar negativamente a operação seja do que for.
Grave é andar-se constantemente a mudar hoje o que se fez ontem, como é o caso por exemplo de se enviar o Centro de Instrução de Comandos num curto espaço de tempo da Carregueira para Mafra e de volta à Carregueira, havendo pelo meio quem os quisesse fixar em Beja; ou ter-se decidido na FA que os P3P iam para Ovar e o Centro de Formação Técnica, para Sintra, e passado pouco tempo enviou-se os primeiros para Beja e a segunda foi apontada para Ovar! E nem sequer se compreende que isto se passe assim, pois como se trata de alteração ao dispositivo devia carecer de ir a Conselho Superior de Defesa Nacional. Pormenores.
Grave é andar-se constantemente a mudar hoje o que se fez ontem, como é o caso por exemplo de se enviar o Centro de Instrução de Comandos num curto espaço de tempo da Carregueira para Mafra e de volta à Carregueira, havendo pelo meio quem os quisesse fixar em Beja; ou ter-se decidido na FA que os P3P iam para Ovar e o Centro de Formação Técnica, para Sintra, e passado pouco tempo enviou-se os primeiros para Beja e a segunda foi apontada para Ovar! E nem sequer se compreende que isto se passe assim, pois como se trata de alteração ao dispositivo devia carecer de ir a Conselho Superior de Defesa Nacional. Pormenores.
Na marinha estas coisas talvez se passem menos dado que 90% da Armada estar concentrada entre o Terreiro do Paço e o Vale do Zebro.
Ora o que se pretende realizar agora está à partida inquinado, dado que as divergências entre as partes mais directamente envolvidas são graves, públicas e notórias – outro problema em que não aparenta haver o mínimo pudor em resguardar. Desta feita – dizem – está o poder político, representado pelo MDN e Secretário de Estado, e o CEMGFA para um lado e os chefes dos ramos para outro. Diversos “comentadores” têm vindo à liça em defesa de uns e outros.
Ora parece haver qualquer coisa de errado nisto tudo e julga-se que o sucesso independentemente do resultado – se o houver -, está comprometido à partida.
De facto a pedra de toque de tudo o que se tem passado nas FAs desde que se parou a deriva totalitária e anarquizante, em 25/11/75 e, sobretudo, a partir da entrada em vigor da Lei da Defesa Nacional e das FAs, em 1982, tem sido o desentendimento, por um lado, e o não entendimento, por outro (não é a mesma coisa…), sobre o que fazer e como fazer. É uma maldição que nos persegue.
Ultrapassa a nossa capacidade de compreensão, aliás, como é que quatro oficiais (não são quarenta…), com larga experiência da vida e dos homens, “mestres” nos mesmos objectivos, formados em escolas cujas bases de ensino são estruturalmente as mesmas e camaradas no mesmo ofício, não tenham o bom senso e o patriotismo de se entenderam (mesmo que não concordem), sobre um número considerável de assuntos. E ainda se torna mais incompreensível quando tal se evidencia por um tão longo período de tempo e com as consequências negativas e contumazes que daí têm resultado.
Por isso, bem melhor fariam em congregarem esforços para preservarem as débeis capacidades que restam às FAs; manterem os quadros bem formados e as tropas bem comandadas e treinadas e conseguirem os meios necessários e consentâneas com o cumprimento das missões que estão atribuídas, de modo a retirar a IM do limiar da sobrevivência anímica e material em que patina.
Encontrar uma equipa de políticos para a área da Defesa que tenha boa intenção e saiba do seu ofício e quatro generais e almirantes que se entendam, isso sim, seria uma “reestruturação” que valia a pena tentar.
Animem-se, porém: a Merche Romero, para a semana já vai arranjar namorado; o Ronaldo recupera bem do tornozelo e a selecção já tem treinador, certamente a ganhar mais por mês do que os quatro chefes por ano... Está tudo porreiro, pá.
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