quinta-feira, 16 de setembro de 2010

CRISE MORAL, FALÊNCIA POLÍTICA

23/10/08
“Quem sabe entender os políticos? Quem pode fartar os banqueiros?...”
Moniz Barreto, (Carta a El-Rei de Portugal sobre a situação do país e seus remédios, Março de 1893)

A recente crise financeira – que está para durar – veio provar à saciedade que estamos muito longe de viver na tão apregoada “Democracia”.
Alguns regimes do planeta serão até, inqualificáveis mas, no chamado mundo ocidental, aquilo em que vivemos é muito mais uma Plutocracia, isto é, o regime dos muito ricos.
Se fossem ricos de trabalho sério e produtivo talvez não viesse grande mal à terra mas, infelizmente, o que tem vingado é a especulação desenfreada, o ilicito, a fuga ao fisco, a lavagem de dinheiro sujo, as tentativas de monopólio, etc.
Escusado será dizer que as preocupações sociais não entram nesta equação. E cada vez mais a fatia maior do mercado é dominada por cada vez menos, reunidos em organizações poderosas e muito discretas, que ninguém elege nem escrutina.
O “mercado”regula-se a si mesmo, de facto, mas pela lei da selva...
Estamos pois, perante uma crise moral e de principios profundissima. Esta crise moral é, ao mesmo tempo, causa e efeito do descalabro politico.
A coisa funciona em termos simples da seguinte maneira: os “ricos” financiam e controlam as campanhas eleitorais elegendo quem lhes interessa. Estes, no Poder (pelo menos nominal) têm obviamente que favorecer quem lhes fez os favores. Com o tempo alguns trocam até, de lugares.
Ora perante os vários escandalos financeiros, muitos deles baseados em operações fictícias – que, pelos vistos ninguém deu conta! - e que prefiguram várias “D. Brancas” gigantescas, cujo desconchavo levou à actual crise (e resta ver o que está ainda por se saber), o que fazem os governos? Pois pegam no dinheiro dos contribuintes e transferem-no para os cofres de muitos daqueles que pela sua cupidez e ganância são responsáveis pelo desastre em que estamos.
Ao menos os comunistas nacionalizavam a banca, os seguros, etc e não indemnizavam ninguém. O destino é uma ironia...
A falta de vergonha só tem paralelo na impunidade em que tudo se passa, como é bem ilustrado pela comezaina realizada algures na Côte d’Azur pela admnistração de um dos maiores bancos belgas, falido, que terá custado a módica quantia de 300 mil euros!
Argumenta-se que não restaria aos governos outra hipótese a fim de não provocar o descalabro do sistema financeiro internacional o que, por sua vez, iria ter mais gravosas consequências.
Pode ser, mas tal só será aceitável se se responsabilizar os agentes económicos e financeiros que se portaram mal, bem como os organismos dos diferentes estados que falharam na prevenção das práticas lesivas da boa gestão e dos bons costumes. E, em seguida, pruduzirem legislação que regulamente eficazmente as normas financeiras nacionais e internacionais.
Se tal não acontecer acarretará o total descrédito da classe politica que, aliás, mesmo afirmando-se da mais fina linhagem democrática, já pouco crédito tem.

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