quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O PR E O “CASAMENTO” DOS HOMOSSEXUAIS

16/5/2010

O Presidente Cavaco Silva que promulgou o casamento Gay
Um ser humano é normalmente confrontado com três coisas: aquilo que ele pensa; aquilo que ele diz e aquilo que ele faz.

Raramente as três estão em sintonia.

O Prof. Cavaco Silva (CS) ao promulgar a péssima lei do casamento desta rapaziada está a ser um bom exemplo do que atrás se disse.

Cavaco tem que olhar para o problema como homem, como político e como PR.

Como homem tem que atender às suas convicções íntimas, à sua consciência, ao seu ser como um todo; como político tem que atender ao que acredita em termos de ideologia política; como PR tem que defender a soberania, a integridade territorial e a segurança das populações, nos termos em que a Constituição prescreve e ... entender a Nação.

Se vetasse a imoralidade dos casamentos entre géneros idênticos e o seu fundo anti-natura, CS estaria coerente com estes pressupostos; ao promulgar a lei o PR pensou uma coisa, disse outra assim assim (para não se expor muito) e fez o que não queria.

As razões que alegou são medíocres: alegar que há outras coisas mais importantes para tratar (uma subjectividade), como a economia e as finanças do que atender a este problema de âmbito social e dos costumes, já se esgotara do anterior – o que não foi atendido pelas forças partidárias que votaram favoravelmente o diploma; além disso não se entende como uma coisa possa contender com a outra. O que pensará CS do folhetim PT/TVI, etc?...

Invocar que de nada servia opor o seu veto já que o diploma voltaria ao parlamento e seria, certamente, aprovado e ele o teria que promulgar numa semana é ainda mais grave. Mostra que o PR é um tecnocrata sem sentimentos, um pragmático sem ideais. Pior, defraudou a expectativa da maioria do país que não se revê nesta lei (não por acaso, não se quis fazer um referendo!), porque S. Exª não se quis maçar.

Será que anda tão obcecado com as finanças e a economia, que ainda não percebeu que a razão principal pela qual chegámos a este ponto são sobretudo razões de foro moral e criminal? Será que até ao fim dos seus dias não vai entender que a sacrossanta economia não é um fim em si mesma e que tem que derivar de uma política, sendo apenas instrumento de uma estratégia? e que estas não existem...).

E que as finanças, devem funcionar como uma boa dona de casa administra o seu lar, e que o dinheiro deve servir para sustentar a economia e ter preocupações sociais e não para engordar banqueiros e capitalistas agiotas?

CS andou mal, muito mal. E até anda mal naquilo que poderá vir a ter custos políticos de monta: isto é, por este gesto não vai ganhar o apoio, muito menos a amizade de quem não vota nele; ao passo que vai alienar muitos dos que nele se reviam. E espero que não queria estar de bem com Deus e com o diabo...

E este gesto ainda vai ter outras consequências: vai abrir campo e encorajar mais desvarios que visam objectivamente a subversão da sociedade (é isto que está em causa e não a “tolerância”) e vai pôr algum travão em quem poderia querer lutar para inverter o descalabro. Não representa assim uma invocada “responsabilidade” política, mas sim uma hipócrisia politica.

Abomino os termos “direita” e “esquerda”, que são estrangeirados, dividem a sociedade em vez de a unir e deviam estar ultrapassados em termos políticos. Mas tenho que reconhecer que quem se assume e pratica os valores da chamada esquerda é no campo das atitudes e da defesa dos seus ideais, muito mais coerente do que os da chamada “direita”.

Alguém imaginaria que um PR assumidamente de esquerda (não estou a pensar em Mário Soares…), fizesse aquilo que CS fez? Ou que um ateu assinasse uma lei de cariz cristão? Será que Cavaco é de esquerda, seja lá o que isso for, ou ele o entenda?

O caso deu-se e é uma tristeza.

Os actos ficam, porém, com quem os pratica.

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