sábado, 28 de agosto de 2010

A NOSSA ÚLTIMA GUERRA E OS SEM ABRIGO

04/04/2010
Pegou interesse mediático o facto de se ter descoberto/ relacionado, que pessoas consideradas “sem abrigo”, isto é, que vivem por onde calha, nas ruas das cidades, são ex-combatentes das campanhas militares de afirmação de soberania e protecção das vidas e haveres dos portugueses, que viviam nos antigos territórios espalhados além mar, entre 1961-75.

Parece que ainda não identificaram ninguém que estivesse no Estado Português da Índia, antes da vergonhosa invasão indiana ocorrida em 18/12/61.

Além de artigos na imprensa escrita passaram várias reportagens nas televisões, a última das quais na RTP1 de 3/4/10. Estas reportagens fazem sempre o discurso do desgraçadinho e relacionam mais ou menos objectivamente, o facto da condição de sem abrigo ser consequência de traumas diversos, causados pela “guerra”.

Este tipo de actuação é demagógica, pouco séria em termos jornalísticos e acaba sempre por prestar vassalagem a ideologias e regimes políticos que sempre se mostraram inimigos da nação portuguesa.

No fim, só falta saírem uns “ais” compungidos, lamento final e profundo como que a querer dizer, se “não estivessem estado lá, hoje não estariam aqui…”.

Primeiro: Durante 14 anos praticamente toda a população portuguesa foi mobilizada, logo poderia inferir-se que todos os sem abrigo daquela faixa etária seriam ex-combatentes. Além de não ser assim, há a realçar que apenas uma ínfima parte o é. As mulheres não foram mobilizadas e também há mulheres sem abrigo. Ou seja, a relação causa/efeito é muito difícil de provar.

Segundo: seria bom, também, verificar se há já sem abrigos que tenham estado em teatros de operações dos últimos 25 anos, em que não estiveram a defender directamente as fronteiras nem as vidas dos seus concidadãos.

Isso irá, certamente, fazer pensar o governo, a AR e o PR, os partidos, etc., em voltar a enviar algum contingente militar para fora de portas, não vá ter que se confrontar com o drama futuro de ter mais sem abrigo ex-expedicionários!...

Terceiro: creio até, que deveríamos fazer uma declaração solene na A.G. da ONU e junto de todas as instituições humanitárias existentes no mundo, que faremos todos os esforços para não termos mais sem abrigos ex-combatentes, no futuro.

Talvez assim garantíssemos que Portugal ficaria a salvo de quaisquer ataques nos anos venturosos que aí vêm! Amén.

Já chega, pois, de um discurso redutor, hipócrita e tendencioso.

Os ex-combatentes que, porventura, se encontrem na situação atrás descrita, não são uns “coitadinhos”. Ficaram em más condições sociais, como tantos outros para quem a vida foi madrasta. Independentemente de serem ou não afectados por stress pós traumático.

O stress pós traumático não se apanha só na guerra, é fruto de injustiças no trabalho; acidentes de trânsito, violência doméstica, catástrofes naturais; assaltos violentos, ou qualquer outra situação de índole extrema capaz de causar danos psicológicos, ou físicos, de gravidade e permanência variável. E cada pessoa reage ou é afectada de modo diferente a cada uma dessas situações.

Foi de facto um assalto violento e gigantesco, aquele que foi feito à casa portuguesa, nos idos de 1961. E foi todo um povo que se ergueu altaneiro para se defender desse ataque.

Os agora ex-combatentes, que depois viraram sem abrigo (e também advogados, agricultores, serralheiros, arquitectos, etc., de sucesso – sim porque a esmagadora maioria não virou sem abrigo!), fizeram parte deste esforço muito meritório e poucas vezes igualado em toda a História de Portugal. E para o caso de andarem esquecidos, sermos independentes há 900 anos sempre implicou muitos e dolorosos sacrifícios!

Se alguns dos “melhores de todos nós”, sucumbiram ou foram afectados pelo conflito onde participaram na defesa da comunidade, só há que os respeitar e dignificar, e àqueles que necessitem, compensá-los e, ou, tratá-los, com simplicidade e adequação. Naturalmente.

Como, aliás, está a fazer a Liga dos Combatentes cujo principal objectivo, aquando da sua fundação, em 1921, foi justamente o de ajudar os combatentes da I Grande Guerra, e suas famílias, sem demagogias e aproveitamentos políticos.

E aos publicistas de vistas distorcidas, eu lançava o repto de perguntarem onde estavam e a fazer o quê, aqueles que desertaram da luta, que era de todos, no tempo em que todos éramos poucos para continuar Portugal?

Sim, onde estavam? Em Argel? Em Paris? Em Genebra? Onde estavam então, para ajudar estes, que agora estão desamparados nas ruas ou nos hospícios, quando eles e todos nós mais precisávamos?

4 comentários:

Anónimo disse...

Cordiais e Patrióticas saudações.
Corroboro e subscrevo artigo.
Correia da Silva
Fur.Mil.Infª

Anónimo disse...

Cordiais e Patrióticas saudações.
Para quando, a passagem da teoria à acção?
O horizonte temporal dos combatentes sem-abrigo,é diminuto!
Ass.:UM COMBATENTE SEM-ABRIGO/STRESS PÓS-TRAUMÁTICO DE GUERRA/VOTADO AO OSTRACISMO.
Patrióticos cumprimentos.
Fur.Mil.04843073

Anónimo disse...

P.S.(posto script um) do anterior comentário:
Sou sócio da Liga dos Combatentes e nem apoio psicológico se dignam prestar,pelo facto de eu não ter as quotas regularizadas.
Entretanto a L.C. declara no seu sítio da internet, que os combatentes sem-abrigo se apresentam na L.C. para pagar as....COTAS.
Patrióticos cumprimentos
Fur. Mil.04843073

Anónimo disse...

P.S.(posto script um) do anterior comentário:
Sou sócio da Liga dos Combatentes e nem apoio psicológico se dignam prestar,pelo facto de eu não ter as quotas regularizadas.
Entretanto a L.C. declara no seu sítio da internet, que os combatentes sem-abrigo se apresentam na L.C. para pagar as....COTAS.
Patrióticos cumprimentos
Fur. Mil.04843073