sábado, 28 de agosto de 2010

A ÁGUA, OS ALIMENTOS E A ENERGIA

Vai para aí grande alarme por causa do preço dos alimentos.

O Presidente do Banco Mundial e outros grandes da cena mundial, já vieram perorar solenemente sobre os perigos desta alta de preços. Como se eles fossem inocentes no meio de tudo isto e não soubessem ou pudessem fazer nada…

Nós podemos viver sem um número considerável de coisas, mas não sobrevivemos sem água, comida e energia. Por esta ordem.
Mesmo que voltássemos à Idade da Pedra esta “máxima” era uma sentença!

Ora o que nos habituámos, no Ocidente, foi ao desperdício e a ver os hipermercados cheios com uma quantidade de produtos tal, que precisamos de vários anos para os experimentarmos a todos… E a pensar que o abastecimento estava assegurado para todo o sempre, sem precisar de nos preocuparmos muito com o assunto.
Talvez um dia vamos ter de plantar cenouras num vaso”!...

O mundo rico tem resistido á evolução dos tempos através de alta tecnologia aplicada à agricultura; domínio monopolista de multinacionais de indústria alimentar e do subdesenvolvimento alheio. E com muitos subsídios. A UE, tem até, sobrevivido à cretinice da PAC – Política Agrícola Comum.

As pessoas estão agora surpresas. Não entendemos porquê.

O petróleo não pára de subir, incontinente. Os metais também, embora pouco se fale nisso. Estranhava-se era que os produtos alimentares,outrossim, não subissem. Quem perceba quem e como, se puxa os cordelinhos disto tudo, que explique!

Tudo se tem permitido para que as coisas fiquem piores: demografia desequilibrada sobretudo nos países mais pobres (por excesso), mas também nos mais ricos (por defeito); correntes migratórias fora de controlo; desflorestação galopante; poluição descuidada; agressões contumazes ao equilíbrio ecológico; desertificação a aumentar, etc.

E, agora, até se quer plantar cada vez mais vegetais para servirem de biocombustiveis, em vez de servirem para nos alimentar...

Ainda não se conseguiu meter na cabeça das pessoas que os recursos do planeta são finitos e o respectivo ecossistema requer equilíbrios delicados.

O que se faz em Portugal para nos precavermos enquanto é tempo das consequências de tudo isto? Temos feito pouco e mal.

Relativamente à água é necessário garantir que os nossos vizinhos cumpram os tratados que regulam a gestão dos rios internacionais; construir muitas mais, pequenas e médias barragens (embora neste âmbito se tenha feito algum esforço); desassorear rios e bacias hidrográficas; combater a poluição; equacionar a necessidade de construir centrais de dessalinização; não permitir a contaminação dos níveis freáticos, etc.

No campo alimentar há que parar o criminoso abandono dos campos; a destruição das actividades piscatórias e a distribuição aleatória de subsídios. É necessário diminuir rapidamente a nossa dependência alimentar que já ultrapassa os 60%; equilibrar a balança de pagamentos; apostar na aquacultura; reflorestar ordenadamente o país inteiro; prioritizar os produtos que representem mais valias, já que não temos hipóteses de nos tornarmos auto suficientes em tudo o que precisamos; resolver os problemas centenários da agricultura portuguesa, que são a estrutura fundiària; a falta de investimento e a baixa instrução média dos agricultores. É preciso passar a ter uma política de defesa dos interesses portugueses enquanto estivermos na UE.

Por fim é necessário reordenar o território e proibir a construção em terrenos de aptidão agrícola. Um dia destes não haverá um palmo de terra, onde plantar batatas…

Não é difícil de entender, que povo que não é capaz de se alimentar, não é um povo livre …

Finalmente, na energia, estamos longe de ter os nossos problemas resolvidos, embora não haja dificuldade no abastecimento de crude e de se estarem a tomar medidas correctas relativamente ao gás natural, depois da asneira de o ter feito entrar exclusivamente pela Andaluzia.

Temos capacidade de refinação suficiente, mas devemos resistir à tentação de ficar apenas com uma refinaria. E devemos passar a ser mais agressivos no sentido de garantir poços de exploração. E não faz sentido não se conseguir nenhuma concessão em Angola, São Tomé e Timor, por exemplo, depois de todos os laços criados e investimentos em cooperação e não só.

Vamos bem encaminhados no sentido de esgotar as nossas capacidades em energia hidrica, depois do flop de Foz Coa.

Temos que apostar nas energias alternativas e na investigação nesta área; e deve-se equacionar sem complexos a hipótese do nuclear.
Tudo isto precisa de tempo e dinheiro e não é muito visível nas necessidades eleitorais…

Em termos comuns, temos que urgentemente educar os cidadãos em todas estas matérias; aprender a poupar; reciclar tudo o que pudermos ; evitar desperdícios, tratar todos os resíduos e aumentar as reservas estratégicas.

Em vez de pensarmos descuidadamente que os nossos problemas económicos e de segurança estão resolvidos por pertencermos à UE e à NATO e a outras organizações internacionais (e internacionalistas…); em vez de estarmos escorados em variáveis que não dominamos, ou são contingentes, ou até na Providência Divina, melhor faríamos em pensar pela nossa cabeça e a não contarmos tanto com os outros, mas sobretudo com nós próprios.

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