quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A REPÚBLICA DA GUINÉ BISSAU E PORTUGAL

28/03/09
“Quem com ferro mata, com ferro morre”
Adágio popular

Os recentes eventos na Guiné-Bissau (RGB), em que faleceram de morte violenta e brutal, os respectivos presidente da república e chefe de estado maior general – inimigos figadais de há longa data – pode fazer presumir que se virou uma página na história daquele pequeno país que de país só tem o nome.

Isto porque, terão saído da cena politica os últimos representantes com peso que fizeram a guerrilha contra a soberania portuguesa. Pode ser que assim seja – e só viria bem ao mundo por isso – mas pode vir a ser apenas uma miragem.Parece que por aquelas bandas, ódio velho não cansa e maturidade não vem de um dia para o outro.

A questão de fundo é porém outra: a RGB não reune as condições minimas para constituir um país. Tem um território muito pequeno, pouca população, mal instruida, mal nutrida e sem emprego; um clima estuporado; sem riquezas naturais, pobre em recursos agrícolas, pecuários e piscícolas e sem grandes atributos turisticos.

Pior, é uma amalgama de tribos em estado atrasado de civilização – e que muito regrediram após a saida da nação portuguesa.

Não possui unidade cultural, nem étnica, nem linguística, nem religiosa, nada...

É apenas um aglomerado de gente cada vez mais desrensaizada onde se misturam e conflituam quatro coisas: laços de família, negócios e afinidades religiosas e, ou, étnicas.

Em súmula, é um mosaico sem consistência. O único cimento que mantinha esta população unida e lhe dava alguma coesão e coerência era a língua e a administração portuguesas e a ideia de fazerem parte de uma Pátria lusíada. Não vale a pena escamotear mais a realidade.

O projecto do PAIGC, o partido para a independência da Guiné e Cabo Verde – isto é a aliança entre Cabo Verde e a Guiné – não passava de um simulacro de utopia que escondia uma habilidade política, que se desfez mal o poder em Lisboa colapsou.

O desastre da “descolonização” e os desatinos marxisto-africanos que se seguiram deixaram o que restava de 500 anos de presença portuguesa de pantanas. E geraram ódios que estas últimas mortes podem não ser o epílogo.

Só sobreviverão se houver ordem no território, a corrupção for controlada, e uma liderança forte que naturalmente terá que ser ajudada do exterior até se formarem um conjunto de quadros capazes e em número suficiente. A alternativa é o caos e serem uma placa giratória dos trusts da droga.

Neste contexto a cooperação portuguesa, militar e civil, bem como a Comunidade dos Países de Expressão Oficial Portuguesa (CPLP), poderiam ser uma ajuda preciosa. Tal vai, todavia, demorar muito, se não demorar para sempre. Por um lado a CPLP tem evoluído a passo de caracol, por outro o Estado Português tem sido relapso em ter uma politica minimamente clara e consistente relativamente àquela organização e a Àfrica.

A CPLP esgota-se em declarações de boas intenções, o Brasil quer mandar em tudo e Angola quer fazer-lhe concorrência... Não existem capacidades minimas nem vontade para as pôr de pé. A maioria dos políticos portugueses, que se entregaram de cabeça feita, na utopia da União Europeia não estão para ali virados e ainda nem sequer perceberam que na CPLP teremos que tentar fazer o que a Grã-Bretanha faz com os EUA na NATO (e no resto): os americanos dão os meios e a tecnologia e os ingleses a doutrina e o saber.

Quanto a África o panorama é pior por duas razões: a classe política no seu conjunto é de uma ignorância que até dói, sobre a realidade africana e a nossa história comum, e sofre de um complexo de culpa pós colonial que roça o inverosímil.

Tudo isto tem resultado numa posição de cócoras, a ver os “comboios” passar e a encaixar dislates com que um qualquer nóvel dirigente nos queira brindar.

Quanto à cooperação com os chamados PALOPS a coisa funciona assim: nós damos e eles recebem..., depois estragam, a seguir pedem mais. A gente finge que não percebe e vai sempre dando. Nunca pede nada em troca.

Lamentamos desapontar os adeptos do pensamento “cor-de-rosa”, mas as coisas são o que são e dão muito trabalho a mudar.

Não é país quem quer, mas quem sabe e pode.

Um pensamento que, já agora, não ficaria mal aos portugueses que restam, sobre ele meditarem.

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