domingo, 17 de outubro de 2010

REGICÍDIO, MILITARES E OUTRAS COISAS

02/2008

Arcada do Terreiro do Paço, onde as cerimónias decorreram
com a presença da Família Real
             Estão a decorrer com algum lustre e muita pertinência a evocação do centenário da morte do ilustre Rei D. Carlos I, assassinado com seu filho o Principe D. Luís Filipe, no Terreiro do Paço, em 1 de Fevereiro de 1908.
            Desfecho triste e lamentável a que as paixões e cegueira políticas da época conduziram e transformam numa das páginas mais negras da História de Portugal. E que marcou e manchou, desde então, a nóvel forma de regime republicano que nos governa desde 1910.
Placa evocativa, assinala o local onde o
Regicidio se deu às mãos da Carbonária
            Em boa hora se promovem estas evocações que se irão estender por todo o ano e que se pretende decorram com sentido de Estado, participação cívica e cunho patriótico.
            Neste sentido procurou-se envolver o maior número de entidades e instituições que pudessem dar repercussão nacional à efeméride e concorressem para uma mais correcta compreensão do que a figura de D. Carlos e do seu reinado.
            Foi assim que surgiu a ideia de que uma representação do Regimento de Lanceiros de que D. Carlos e o Príncipe D. Luiz foram, respectivamente, comandante honorário e porta estandarte; e do Colégio Militar, que este último cursou e ambos foram comandantes de batalhão honorários, estivessem presentes na evocação do regicídio, no Terreiro do Paço.
Os milhares de Portugueses que encheram o terreiro do Paço
para a homenagem aos Reis assassinados.
            Colocada a questão ao Comando do Exército, logo este anuíu, acordando-se sem qualquer problema o modelo de participação. A cerimónia seria ainda abrilhantada por uma fanfarra. Parecia pois, que estava tudo a decorrer na tal “normalidade democrática”, tão amiúde propalada.
            Quando se soube da participação do Exército, o Dr. Severiano Teixeira que ostenta actualmente o título de Ministro da Defesa, fez uns telefonemas “desaconselhando” a participação de forças militares nestes eventos. Mas como nestas e noutras coisas o Dr. Severiano Teixeira está mais precisado de receber conselhos do que em os dar, os mesmos tiveram o tratamento adequado.
            Apareceu então, uma tão filantrópica como obscura entidade, apelidada de “República e Laicidade”, que arvorando-se numa espécie de “polícia de costumes” republicana, veio protestar contra tal desaforo.
            Tendo sido aposto um “visto” e “arquive-se”, no seu protesto, foi a vez do inefável Dr. Rosas, que em vez de ir finalmente aprender História (com maiúscula), resolveu ir levar a sua mais profunda indignação à Comissão Parlamentar de Defesa da AR, da qual faz parte por mistérios insondáveis do Criador.
            E com tais argumentos se muniu que conseguiu convencer os seus pares a lavrarem uma douta declaração em que se opunham a que as FAs participassem em eventos “não oficiais”.
Tumúlo de SAR o Rei D. Carlos e do Principe D. Luís Filipe, no Panteão dos Braganças,
onde também repousam a Rainha D. Amélia e o Rei D. Manuel II
            Engenhosa prosa esta, logo aproveitada pelo inquilino do Alto do Restelo para exarar um despacho às tropas, proibindo-as de participar – a dois dias do evento -, na cerimónia referida.
Estátua do Rei D. Carlos, inaugurada na baía de Cascais,
a 1 de Fevereiro de 2008, pelo Presidente Cavaco Silva.
            Tal, além da mesquinhez, que só não desacreditou o senhor ministro por já há muito estar desacreditado, representa (mais) uma desautorização de um chefe militar.
            Rejubilam as hostes carbonárias – ainda comedidamente -, até porque no mesmo dia o Presidente da dita República foi – e bem – inaugurar uma estátua do Rei D. Carlos I, iniciativa do edil local, onde compareceu o Chefe de Estado Maior da Armada e era suposto estar presente a banda da Armada! Enfim, teias que a nossa conjugalidade constitucional, tece…
            Ficamos agora à espera que o D. Afonso Henriques deixe de ser o Patrono do Exército; que essa “abominável” figura de militar que dá pelo nome de Mouzinho de Albuquerque, seja despromovido de Patrono da Arma de Cavalaria, que o funeral de Estado proporcionado ao senhor Rei D. Manuel II, seja riscado dos manuais de História, etc, isto e muito mais que a gente não almeja, à semelhança dos nomes dos Santos que se pretendem eliminar de escolas e hospitais públicos.
            Aguardamos reverentes e obrigados, a próxima romagem aos túmulos do Costa e do Buiça.

Fotos gentilmente cedidas pelo "O Jornal de Coruche". www.ojornaldecoruche.com/docs/pdfjornal/JC%20A1N23%20site.pdf

Sem comentários: