domingo, 10 de outubro de 2010

COMO SE ESCOLHEM MEMBROS DO GOVERNO EM PORTUGAL

05/06/09

           Eles (os responsáveis máximos), apresentam-se aparentemente calmos frente às câmaras. Dizem que está tudo bem e que as escolhas anunciadas foram as primeiras a ser contactadas e até únicas. É o manto diáfano da fantasia.
           A realidade é bem diferente. Querem ver um exemplo?
           Dia da tomada de posse dos Secretários de Estado de um Governo. Monsanto, Comando Operacional da Força Aérea. Manhãzinha. S. Exª o Ministro da Defesa Nacional (MDN) - e outros apêndices - estava de partida helitransportado para Viana do Castelo onde ia presidir a uma cerimónia nos estaleiros navais.
           A partida foi adiada por duas horas pois a azáfama do senhor ministro e de alguns dos seus directos assessores era mais que muita. No Clube de Oficiais e à vista de quem estava este grupo de homens, telemóvel em punho, gesticulava e falava continuamente. Estavam longe, porém, de serem formigas obreiras antes de assemelhavam a baratas tontas.
           A que se devia então tão inusitado transe? A isto: era preciso encontrar um Secretário de Estado para a Defesa, já que o anterior não encontrou forças para continuar ou foi tido por dispensável – como era o único da área que tinha cumprido o serviço militar, se calhar foi por isso…
           Estava-se a escassas horas de fazer desfilar os novos filhos d’algo pelas luzes das TV’s e faltavam caras para a fotografia!
           Seguiram-se os contactos desenfreados, os cruzamentos de informação; os pedidos de esclarecimento, o desvario das frases cruzadas: “agora não tenho tempo de falar com esse gajo”, “liga-me para sicrano”, etc. Até que se atracou a um porto. Teresa, Teresa, preciso que venhas trabalhar comigo, entendes? Ouvistes?
           E a Teresa lá anuiu, muito presumivelmente sem saber a quê, mas anuiu.
           Tudo isto – a síntese das frases não permite passar todo o colorido da coisa - se passou à vista dos presentes e de quem passava – incluindo a mulher da limpeza.
           Limpo o suor da testa, composta a gravata, alinhado o fato às riscas, pose (falsa) de comandante das tropas, lá embarcou o senhor ministro e comitiva para o Minho onde pregou mais uma “seca” nos pobres dos arrebanhados para a tal cerimónia. Ia contente, certamente, o senhor ministro, acabara de dar mais uma lição de eficácia a um tal de Lopes que dali a meio dia passaria de primeiro violino a chefe de orquestra onde ele era uma espécie de segundo maestro. Como o helicóptero é um local ruidoso e a tremideira é constante, deduz-se que o vício dos telemóveis terá amainado durante a viagem.
           Graças a Deus foram e vieram e não lhes aconteceu nada, foi um sucesso. Mas ao entrar no Palácio de Belém é que começou a crescer no cocuruto do senhor ministro um galo enorme. Afinal na sua ausência uma perigosa infiltração de forças alaranjadas tinha conseguido ocupar a tal secretaria de estado com um amigo diferente – certamente com um curriculum daqueles mesmo altamente, para o lugar - cujo nome já se perdeu na bruma dos tempos. A Teresa, doutora em suas habilitações é que, coitada, ficou impedida de se vir a tornar uma “comandanta”!
           Os chefes militares a quem os jornais atribuíram a sua anuência à escolha da senhora, uma verdadeira inverosimilhança! - devem ter ficado pesarosos e o resto das tropas idem. Para a defesa do país foi indiferente, pois não se vislumbra quem esteja preocupado com isso.
           Resta-nos, para terminar, cumprimentar a senhora pois os seus dotes e méritos devem ser tais e tantos que num ápice passou da defesa para a cultura. Afinal tudo está bem quando acaba em bem.
           Com tudo isto como é que os senhores políticos podem querer que os levem a sério ou os respeitem?

[1] Para não prejudicar eventualmente, as testemunhas do evento, o artigo saíu muito diferido no tempo

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