sábado, 4 de dezembro de 2010

SOBRE ECONOMIA E FINANÇAS EM PORTUGAL

14/2/10
           Apesar dos “fait divers” dos “acoplamentos homossexuais”, que não são tão “divers” como isso pois visam a subversão da sociedade, e das questões fundamentais de soberania a que ninguém liga, por devidamente anestesiadas, vive impante na preocupação lusa a (péssima) realidade financeira e económica portuguesa.
             Não é dispicienda esta preocupação.
            Fala-se muito na dependência da conjuntura internacional para explicar o casulo da crise omnipresente, que nos envolve e em que estamos submersos. Mas poucos tomam em devida conta, que se somos vulneráveis ao que nos vem de fora, melhor faríamos em não nos deixarmos cair em vulnerabilidades próprias e dependências alheias em que a nossa ingovernabilidade e fraco siso nos colocam e nos tornam mais susceptíveis às crises dos outros. Disso somos relapsos em reflectir, por nos cair no regaço…
            De facto nós hoje somos vulneráveis a tudo e quando um especulador internacional espirra o país constipa-se.
            A razão é simples: o Estado Português – e por extensão a Nação que é suposto representar – quase não tem Poder, desbarata o que existe e não sabe o que fazer com o que resta, a não ser distribuir prebendas pelos acólitos e gastar réditos e esforços no controlo dos votos.
            Com a queda da União Soviética deixou de haver contraponto ao regime capitalista a nível mundial, sobretudo depois da China ter enveredado pelo mesmo caminho.
            Não estamos a dizer isto por defendermos os regimes comunistas que são utópicos e anti-naturais – e de expressão prática selvagem e inhumana – mas porque se deixou caminho livre a uma fauna que está longe de ser melhor, mas usa métodos mais sofisticados: as máfias do capitalismo selvagem.
            A situação em Portugal esteve controlada durante o “Estado Novo”, melhor dizendo, pelo Prof. Salazar, que manteve os primeiros fora de portas e os segundos, em respeito. No mais, elaborou uma teia de entendimento entre empresários e operários controlando organizações de patrões e sindicatos, visando a harmonia social e não o conflito permanente. Daí promovendo o equilíbrio e a justiça social, o que só se consegue na ordem e não na desordem.
Os banqueiros não só estavam em respeito como lhe tinham respeito; a especulação (bolsa) era controlada e as multinacionais tinham que cumprir as regras decretadas. Poderia haver excepções, mas o mote era o indicado e cumpria-se. A profundidade estratégica do “todo português” permitia opções, tinha peso internacional e garantia capacidades existentes ou futuras.
            Portugal tinha uma Ideia de si mesmo, uma política nacional portuguesa e estratégias para a sustentar.
            Havia a noção de que a Economia não era um fim em si mesma, derivava de uma política e era instrumento de uma estratégia; e que o sistema financeiro se destinava a contentar e a promover o sector económico, onde fosse mais necessário e não propriamente a engordar banqueiros e, ou, a promover “lobbies” de poder, pelo Poder.
            Estas falhas de entendimento, constituem os maiores pecados desta III República, ignorante da História, da Geopolítica, da Geoestratégia e inerme de portugalidade.
            Ou seja, tudo estava controlado e em mãos portuguesas (sérias!) e a esta situação não é certamente estranha a decisão dos poderes internacionalistas de acabarem com o Poder em Lisboa, em 1974, aproveitando a ignorância e a ingenuidade da maioria dos meus camaradas, capitães na altura.
            Passados 36 anos daquela esquina da História, estamos hoje confrontados com uma crise política gravíssima que já tem laivos de crise de regime – ela própria causa e não consequência, da crise económica e financeira (e sobretudo moral) em que nos encontramos, e que não poderemos resolver enquanto aquela se mantiver.
            E que, para bem ou mal dos nossos pecados, - lamento afirmar - se irá agravar.

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